sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É Carnaval . . .

“Naquele tempo, cantavam-se marchas e sambas e as figuras principais dos blocos eram o rei e a rainha”. O samba aqui no Alto dos Passos nasce com as pessoas. Em 1936 já existia. Era uma batucada que se fazia todos os sábados em terreno ao lado do cemitério Alto dos Passos, parada de tropas que vinham da Serra da Bocaína, trazendo galinhas, ovos, toucinho, banha e lenha para o comércio da cidade. Aquela batucada, três anos depois, passou para a casa do Irenio e em seguida foi oficializada, numa sede própria em 11 de março de 1941 e passou a se chamar Democrático Clube de Foliões do Morro, ou Bloco do Irenio como ficou conhecido. Chico disse que, naquela ocasião, cantavam-se marchas e sambas durante a apresentação do bloco, e as figuras principais eram os reis e as rainhas. Nota-se, com estas características, a influência do rancho nas comemorações de carnaval, hoje absorvido quase que totalmente, pelas escolas de samba, que ao invés dos reis e rainhas trazem Mestres-Salas e Portas-Bandeiras, substituindo as marchas pelo samba corrido, bem batucado, o chamado samba enredo. Chico lembra que o Alto dos Passos sempre foi muito rico em samba. Até que em abril de 72, após uma festa de Judas, a Baiana Rosa, o próprio Chico Preto, Vicente do Botequim, Zé Passos, Zé Catador, Alaor e Élcio Barros (o Minuto) fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Alto dos Passos, até hoje na avenida. Nasceu no morro do Sacopã, se criou até 24 anos no morro do Salgueiro, mas escolheu Resende para morar, casar, ser pai, avô e dar sua contribuição ao samba este é José Teodoro da Silva, o Barra Mansa. Hoje aposentado, lavador de carros em Campos Elíseos, e membro da velha guarda da Escola de Samba Unidos do Manejo. Barra Mansa conta que, em 52, saiu o primeiro bloco do bairro do Manejo. “Tinha muita gente de mulher, foi uma alegria total no Bairro”. Em 53, graças à colaboração de Chiquinho Pereira, eles conseguiram uma sede no local onde se encontra o Bar Odeon. Ali puderam se organizar realizando festas e bailes durante todo o ano, para arrecadar fundos para o bloco. Com a sede, o negócio começou a tomar corpo. Ficou mais organizado. Todo sábado tinha baile e todo o dinheiro era para o bloco. Barra Mansa lembra que o bloco do Manejo, antes de vir à Praça Oliveira Botelho, tinha que passar pela casa do Senhor Neném Pinto, o “grande senhor do bairro Manejo”. Ele comandava o bairro, mas não era só de boca. Ele era o braço forte de nosso bloco, tudo que a gente precisava, de dinheiro e material ele dava. Por isso, sempre que íamos desfilar, passávamos pela casa dele. “Quando entrávamos na avenida, era um tal de fazer fogueira para esquentar os couros, pois não existia instrumento de tarracha”. Ele lembra do mais trágico acidente ocorrido no carnaval resendense. Foi em 61. Nós estávamos parados em frente ao bar, que é hoje do Vicente Diogo, naquele tempo saíamos com uma corda em torno do bloco, de repente passou um ônibus, enroscou na corda e deu uma rasteira em todo mundo, deixando muitos no hospital e alguns até aleijados. Barra Mansa lembrou ainda das fogueiras que se faziam antes dos blocos desfilarem. Naquele tempo não existia instrumento de tarracha. A gente tinha que esquentar os couros todas as vezes que saíamos. Então, quando entrávamos na avenida, era um tal de fazer fogueira!

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