sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Evolução do Carnaval de Resende . . .

Vencidas as barreiras conservadoras e/ou religiosas, a festa cresceu e, tal qual a sociedade resendense, passou por transformações, recebeu boas e más influências, sobretudo do carnaval do Rio de Janeiro. No decorrer dos tempos, a festa de momo foi animada pelos cordões, grupos, blocos, ranchos e as bandas de música, presenças constantes nas ruas e nos clubes do carnaval de outrora. São também saudosos os bailes e concursos de fantasias chiques nos bailes, populares nos cinemas e até nos circos, ao som de saudosas marchinhas e sambas. Hoje esquecidos no repertório carnavalesco, as batalhas de confetes e lança-perfumes na Praça Dr. Oliveira Botelho onde cada família reservava bancos, para se reunir e brincar (ricos de um lado, os pobres e negros do outro lado – espécie de linha divisória que infelizmente existiu por vários anos). A noite, a animação se transferia para os recintos fechados. Era a época do cenário ideal para Arlequins, Colombinas, Ciganas, Havaianas, Marinheiros, Mascarados e tantos outros fantasiados hoje ausentes. Quantas saudades das decorações da praça e dos clubes, algumas abordando temas do momento, como “O Homem na Lua”, por exemplo, a maioria obras do saudoso Manoel Queiroz. A partir de 1914, com a chegada dos nossos primeiros carros e caminhões, surgiram os Corsos e os Carros Alegóricos, principalmente do Resende Futebol Clube, com saudações festivas e críticas políticas, às vezes mal interpretadas pelos políticos citados. Carros estes na sua maioria confeccionados pela dupla Dito Novaes e Custódio Novaes. No final dos anos 50, consolidou-se a chegada das Escolas de Samba, Blocos de Enredo e de Embalo, trazendo mais brilho e emoção dos campeonatos. Na seqüência, chegaram os badalados Bloco das Piranhas, da Banda do Funil e outros. Foi criada a Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos, e na década de 80, os desfiles foram transferidos da já saturada Praça Dr. Oliveira Botelho, para a Avenida Rita Ferreira da Rocha (Beira Rio), com notório progresso para as agremiações e públicos. Cabe ainda ressaltar a criação do Baile do Sereno, em 1982, promovido pela Prefeitura Municipal, que todos os anos balançam o chão da praça. Com a chegada da era das Escolas de Samba, aos poucos acabou o uso do tradicional “Livro de Ouro”, instrumento usado pelos sambistas para conseguir apoio material e financeiro para a realização dos desfiles, tarefa assumida integralmente pela Prefeitura Municipal e alguns poucos colaboradores. Se, por um lado, este novo tempo trouxe mais beleza e emoção, por outro, prejudicou sobremaneira o carnaval espontâneo das ruas, o chamado Blocos de Sujo, no entanto, mesmo assim resiste principalmente nos bairros e distritos. Após longa trajetória, a festa chegou até os nossos dias e, apesar de algumas dificuldades, continua a ser a nossa festa maior, identificada com o povo onde tem plantado as suas raízes. Não há como falar de progresso social, político e econômico equilibrado sem se levar em consideração constante vigilância e exercício da necessária identidade cultural, tão importante quanto o ar que respiramos. Ainda que necessitando de resgates e mesmo de atualizações o carnaval é cultura popular, e e merece políticas públicas, não apenas para custeá-lo, mas para promover o salutar encontro, de por exemplo a Prefeitura e as forças comunitárias, alicerce da identidade cultural.O povo para imposto, vota e precisa ter diversão, afinal não é só de pão que o homem vive.
Foto: Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Resende
Fonte: Fragmentos dos últimos 80 anos do Carnaval em Resende - Claudionor Rosa

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