segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Maria Benedita - A Rainha do Café Vive...

Na Memória do povo de Resende
No carnaval de Resende, em 1977, desfilaram as escolas de samba Alto dos Passos, Unidos do Manejo, Campos Elíseos, Unidos da Nova Liberdade e os blocos Castelo Branco, do Paraíso e Unidos do Lavapés. Na preparação para aquele carnaval, o pesquisador Claudionor Rosa apresentou aos diretores da Campos Elíseos, como sugestão, o enredo “O Ouro Verde nas Terras da Velha Província”, alusivo ao ciclo cafeeiro do município, tendo como um dos destaques “Maria Benedita, a Rainha do Café”, cujo histórico havia pesquisado no trabalho Resende, centro dispersor do café no Vale do Paraíba, da historiadora e museóloga Solange Godoy. Outra sugestão, com o mesmo objetivo e também sobre a história do município, foi apresentada pelo coronel Rubens Rosadas, professor da Academia Militar das Agulhs Negras e incentivador de eventos ligados ao folclore brasileiro. O tema propunha uma viagem pelos fatos e pessoas que fizeram a história do local, cabendo também um destaque para a “rainha do café”. A sua idéia venceu, mas por motivos pessoais ele não pode colaborar com a diretoria na montagem do carnaval, cabendo a Claudionor e outros voluntários a tarefa de botar a escola na rua para o desfile. No tocante a Maria Benedita, o tema escolhido para representa-la foi as festivas viagens que fazia de suas fazendas até o seu palacete em Resende. O texto histórico que serviu de base dizia: “...A abastada fazendeira, quando regressava à cidade da sua importante Fazenda Babylonia, despertava a atenção e curiosidade pela vistosa ‘liteira’ que levava, acompanhada de grande número de mucamas e de mulatas faceiras, em vestimentas aparatosas, levando enroscados ao pescoço, colares e contas multicolores...Era a nota de elegância e delícia, esse cortejo feminil, gostosamente comentado pelos jornais...” O samba-enredo, composto por integrantes da escola, numa das estrofes assim se referia à nossa personagem: “Maria Benedita/ Abastada fazendeira/ E suas mucamas formosas/ Luxo... beleza... graça.../ É Campos Elíseos novamente / Balançando a velha praça.” No desenvolvimento do enredo, tentou-se construir uma liteira, idéia desprezada pelo fato de não se encontrar nenhum componente da escola disposto a carregá-la. A outra opção seria usar cavalos, mas o regulamento proibia o uso de animais vivos no desfile. Para representar Maria Benedita foi convidada D. Maria José Veloso, conhecida rainha de alas de baianas de escolas de samba e blocos, sambista desde os tempos dos cordões e do rancho “Chuveiro de Prata”, raízes do carnaval de rua de Resende. Bem fantasiada como sempre, ela teve por séqüito vistosas mucamas e uma ala alusiva à Banda de Escravos. A praça Dr. Oliveira Botelho, ou Praça da Matriz, local do desfile, ficou apinhada de gente e a escola foi muito aplaudida. D. Maria José faleceu em 04 de dezembro de 1994.
DO LIVRO: “MULHERES FLUMINENSES”, editado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Legenda da Foto: Casarão da Fazenda Babylônia de propriedade de Maria Benedita, esse casarão era usado para os ensaios da Banda de Escravos da "Rainha do Café".

“A Rainha do Café” Maria Benedita é seu humilde nome, Em seu tempo brilhou, figura nos anais Da centenária terra, ganhando o cognome Que fez Resende não esquece-la jamais. Foi rica fazendeira, vulto que não some, Testemunho que dão os nossos ancestrais, Nunca um escravo seu penou ou passou fome, Tudo consta sem seus registros informais. Terna e bela que fora, além de poderosa, Tornou-se naquela época, muito famosa, Destaque social deu-lhe e cultural, até. Fez entrar a cidade do Brasil na História, Acrescentou-lhe páginas de imensa glória, É única, sem par, Rainha do Café!...

Wilson Montemór

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