quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Reminiscências . . .

Primeiro Samba de Enredo de Resende Samba de Enredo da Escola de Samba Unidos da Nova Liberdade Compositor: Sebastião Francisco de Oliveira (Estrela) Um minuto de silêncio Nós pedimos senhor. Esta escola está de luto Pelo seu apitador Rende hoje uma homenagem José Luiz Vieira Foi um grande apitador Ele partiu para o além Mas a saudade ficou Ficou morando em nossos corações Em um tributo de carinho Prestomo-lhe nossas saudações Este samba, do início dos anos 60, é da fase de transição ou transformação dos grupos (blocos) em Escolas de Samba. Até então se cantavam, nos desfiles, sambas e marchas, sucessos no carnaval, composto em homenagem póstuma a José Luiz Vieira, Mestre de Bateria, apitador, como era chamado naquela época.Cercado do carinho de parentes e amigos, Estrela faleceu no dia 29 de maio de 2004 e ainda em vida mereceu uma sugestiva reportagem na TV Rio Sul. naval do ano. Pelo que se sabe, este foi o primeiro samba de enredo do carnaval de Resende
Jornal A lira de 1982 A Folia de Antigamente Eram todos anônimos trabalhadores. Dividiam o tempo entre a profissão e o samba. Como operários, ganhavam o sustento, como sambistas, aplausos e uma grande emoção, mistura de satisfação interior pelo cumprimento de uma tradição, que lhes foi legada pelos seus antepassados, com a alegria que brotava no bailar dos corpos ao sincopado som do samba. Manuel Adão, Chico Preto, Barra Mansa e Oberdan são pessoas que viveram assim, organizando blocos, fazendo batucadas, dançando pelas ruas, dando vazão à sua criatividade inata. E a partir do momento em que o carnaval passou a apresentar a maior manifestação cultural popular deste país, eles se tornaram muito mais do que velhos sambistas: são peças vivas do folclore popular. Entram para a história. Oberdan grande folião de carnavais passados, gostava de um carnaval de rua, mas não dispensava os bailes em clubes – na década de 40 o quente era no Resende Futebol Clube e no antigo Cinema Central. Ele participou de escolas de samba, vestiu de mulher, mas nunca quis ser Rei Momo, pois lhe contavam que três ou quatro Reis Momos morreram um ano após terem saído da avenida. Oberdan sambou na escola de Campos Elíseos, criada em 1941 por um grupo de cariocas que vieram construir a academia militar. Vieram muitos cariocas que gostavam de se vestir muito bem, e no carnaval colocaram a escola na rua. Tinham o seu China e sua mulher Laurita, que dançavam que era uma beleza. Em 47, o Geraldo Bezerra, João Pereira Gomes e eu criamos o azul e branco que tinha mais 300 participantes. As presenças marcantes eram o rei e rainha, e não havia carros alegóricos. Relembrando os velhos tempos, Oberdan conta como se deu o aparecimento das escolas de samba. Depois foram surgindo outras escolas como a Monte Castelo, a Ipiranga, Última Hora, e aqui no Alto dos Passos surgiu a Irene que é raiz da atual escola daqui de cima. Essa escola morreu e, para voltar o samba no morro, a Rosa – uma das baianas mais conhecidas do Alto dos Passos e que morreu há alguns meses – fundou o bloco do Cana, que saia com uma cana na mão e tomando outras. Isso incrementou a moçada, ressurgindo a escola. Fui presidente vários anos da escola, entreguei-a para a nova diretoria como Tetra Campeã. “No carnaval de outros tempos tinha gente de mascarado, e quando Oberdan saía vestido de mulher com seus amigos Chucho, Loreti e Nelinho Escobar, o “quente era carregar muito lança-perfume e sair jogando em todo mundo, o confete era tanto que, no dia seguinte a praça ficava com mais de um palmo de confetes espalhados por todos os lados.” Outro folião da antiga é Manoel Adão que, em menos de duas semanas, criou a escola de samba Última Hora, depois de ver uma batalha de confetes na Praça Oliveira Botelho. Isso aconteceu em 1954, e sua escola durou cerva de 5 anos. Na primeira vez que saímos tínhamos 8 dias para ensaiar e 8 dias para confeccionar as fantasias. Saímos convidando os casais amigos e formamos uns 20 pares, fora a bateria. Para a Última Hora sair em apenas duas semanas, foi preciso imporvisar: todos os componentes saíram de calça azul marinho e blusa branca, e as mulheres de saia azul. Mesmo com a rapidez com que foi criada, a Última Hora saiu vitoriosa. Esse foi o começo de mais seis vitórias conquistadas nos carnavais seguintes. Quando uma escola saía vencedora, era tradicional ela vir por um lado da praça e qualquer uma das perdedoras por outro lado, e em frente da rádio Agulhas Negras, se encontrarem e trocavam os pares: a rainha dançava com o rei da outra escola. Era para mostrar que a amizade continuava. Hoje isso não acontece mais e uma escola quer é matar a outra – comenta Manuel Adão. Ao sair vencedora, a escola recebia uma quantia da Prefeitura e taças dos comerciantes da cidade. O Monte Castelo, ao sair campeão, jogou sua taça no rio Paraíba, pois achou que era muito vagabunda. O carnaval era assim, acontecia muito sadio. Ele mora no Santo Cruzeiro, atrás de catacumbas destruídas na última década do século passado, no Alto dos Passos. Um endereço místico e lendário, palco dos amores de Jacira e Tabara, índios puris protagonistas da lenda do Tymburibá, a mais tradicional da cidade. Foi um dos fundadores do primeiro bloco carnavalesco da margem direita do Paraíba: Democrático Clube de Foliões do Morro (do outro lado já existia o pioneiro Chuveiro de Prata). Tem 62 anos e boa parte da história de nosso carnaval para contar. Seu nome é Francisco Marcílio de Oliveira, “mas prefiro que me chamem de Chico Preto”.

Um comentário:

  1. Olá
    Gostaria de encontrar mais informações sobre o bloco Chuveiro de Prata.
    Conversando com meu tio nesse carnaval descobri que meu avô, Félix de Almeida, já falecido, foi um dos fundadores.
    Resolvi pesquisar e fiquei feliz em encontrar citações desse bloco.
    Poderiam me ajudar?
    Obrigada
    Ana de Almeida

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