quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

DESCOBRIMENTO DA PARAÍBA NOVA - Parte I

No ano de 1747, em que a primitiva capela de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre foi provida em curato, o seu território, assim como toda a zona de serra acima nesta província até os seus limites com as de São Paulo e Minas Gerais, faziam parteda circunscrição civil da cidade do Rio de Janeiro; e nessa imensa região inculta, e ocupada em grande parte por índios estanciados em diversos pontos, existiam apenas algumas capelas e curatos, sendo dos mais antigos o do Paraíba do Sul, criado em 1719, e o de São João Marcos, em 1742. Entretanto, dos municípios que dentro dessa área extentisíssima se foram, ao depois, constituindo, o de Resende ocupa o primeiro lugar na ordem cronológica, posto que o seu território começasse a ser explorado quando já existiam os dois curatos acima referidos. Eis o modo por que se descobriu e povoou esta região com o nome de Paraíba Nova, contraposto ao de Paraíba do Sul, já conhecida desde que Garcia Rodrigues Paes Leme fundou em 1863, uma capela privada em sua fazenda entre aquele rio e o Paraibuna. Segundo a narração de Pizarro em suas Memórias Históricas da Província do Rio de Janeiro, o coronel Simão da Cunha Gago, vendo-se por casos da fortuna obrigado a mudar sua residência da capitania de São Paulo para a de Minas Gerais, foi estabelecer-se no sítio denominado Lagoa da Aiuruoca, pertencente à capela de Nossa Senhora do Rosário. Aí de ajuste com outros, entrou no desígnio, bem que oculto, de pesquisar ouro e pedras preciosas; e, como lhe fosse preciso encobrir o intento, obteve licença do general D. Luiz de Mascarenhas, que governara São Paulo nos anos de 1739 a 1748, para entrar em conquista do gentio povoador dos sertões da sua vizinhança. Com essa faculdade, e, seguido de vários companheiros, rompeu afoitamente as matas, atravessou rios, e chegou, transpondo a Serra da Mantiqueira, até a margem esquerda da Paraíba Nova, em fins do ano de 1744, ou já no começo do seguinte. Avistando nesse lugar uma campina extensa e aprazível, resolveram aqueles sertanejos aí estabelecer o seu domicílio, erguendo as suas construções toscas e dando àquele sítio, onde fizeram também as suas primeiras culturas, o nome de “Campo Alegre”. Em companhia de Simão da Cunha e seus sócios viera também o padre Felipe Teixeira Pinto, que havia deixado o exercício de capelão da já dita capela da Senhora do Rosário da Aiuruoca, e projetaram construir uma casa decente onde aquele sacerdote lhes pudesse administrar os sacramentos, como o seu pároco primitivo, para o que recorreram ao Ordinário do Rio de Janeiro (Vigário Geral do Rio de Janeiro), do qual obtiveram provisão datada de 12 de maio de 1747, para uso de altar portátil, até que pudessem, em tempo oportuno, levantar uma igreja. Esse altar funcionou na própria casa do referido padre, e no mesmo sítio à margem esquerda do Paraíba até que por provisão daquela mesma data e sob o amparo da Conceição da Santa Virgem, erigiu-se a capela sobre outra eminência na margem oposta do rio, e quase em frente ao já mencionado Campo Alegre. Do livro: DO DESCOBRIMENTO DO CAMPO ALEGRE ATÉ A CRIAÇÃO DA VILA DE RESENDE. 2A EDIÇÃO – João de Azevedo Carneiro Maia.

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