quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Maria Benedita Gonçalves Martins - Parte IV

Benedita ajudou ainda, subscrevendo ações, à construção do teatro Santa Rita, no largo da igreja da Matriz, em 1876. Com a inauguração da estrada de ferro D. Pedro II, ligando Resende ao Rio de Janeiro e depois São Paulo, a vida cultural da cidade ganhou muito, movimentando o teatro, pois as companhias artísticas não precisavam mais fazer lentas e penosas viagens de carroça. O Santa Rita foi usado também para uma iniciativa comum na época, que eram os espetáculos filantrópicos para acudir epidemias ou obras sociais. Durante muito tempo Maria Benedita esteve à frente dessas empreitadas. O Santa Rita foi demolido em 1880, construindo-se em seu lugar o Cine Teatro Central demolido já no século XX, na década de 60. A festa mais bonita e concorrida realizada em Resende no século XIX era a Festa do Espírito Santo, celebrada no sétimo domingo depois da Páscoa, com caráter religioso e popular. Um dos destaques da festa era a cavalhada, tradição medieval que herdamos de Portugal. A cavalhada só começava quando chegava Maria Benedita acompanhada do filho Tito Lívio que, junto com a mãe foi também o criador de um jóquei clube em Resende, onde hoje funciona a velha rodoviária Augusto de Carvalho. A idéia do hipódromo era também para estimular a criação de cavalos de raça. E para terminar, citamos um trecho do historiador resendense Itamar Bopp descrevendo uma festa de Maria Benedita após a cavalhada do Espírito Santo: “Em 1877, terminada a Festa do Espírito Santo, a mais magnificente das festas que se celebravam na cidade, funcionavam três bandas de música de propriedade da fazenda; duas bandas ficavam no Palacete, a tocar na festa de gala, músicas deliciosas, nos salões luxuosamente decorados. As toiletes da moda, das damas, eram das imensas riquezas, numa profusão estonteante de sedas e veludos, de jóias e perfume... Era ali o centro de concentração das rodas elegantes. Ao final da festança, o refinamento do banquete servido em esplêndidas baixelas de prata e ouro e em porcelana de Sévres, com as mais finas iguarias. À sobremesa, como sensacional novidade, foi servido, pela primeira vez, taças de sorvete...” Como se vê, até o sorvete chegou em Resende através dessa filha de índia puri com português, essa mistura que, antes ainda da chegada dos negros, já formava o embrião do que é hoje o povo brasileiro. Maria Benedita faleceu em 1881, vítima de “insulto apoplético”. DO LIVRO: “MULHERES FLUMINENSES”, editado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Crédito da Gravura: Pintura de Gisele Ferreira

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